terça-feira, 5 de maio de 2009

Histórias da tradição académica...

Pois é...passa uma pessoa 4 anos por uma escola, por uma cidade, aprende a sua tradição, vive a sua tradição, também deve transmitir essa tradição...por isso, e como estamos em plena queima das fitas de Coimbra, cá vai...




Grito Académico: O grito académico português ou F-R-A ("éfe-érre-á"), acrónimo de Frente Revolucionária Académica, é um grito exuberante lançado pela comunidade académica portuguesa como saudação de honra ou mera manifestação de alegria.
Criado originalmente na academia de
Coimbra como 'arma' de luta política, pensa-se que terá sido dito dito pela primeira vez pelos quintanistas de Medicina, na noite de 26 de Maio de 1938. O grito é composto por vários motes lançados por uma única pessoa, que soletra sucessivamente F-R-A ("éfe-érre-á"), F-R-E ("éfe-érre-é"), F-R-I ("éfe-érre-í"), F-R-O ("éfe-érre-ó") e F-R-U ("éfe-érre-ú") a que respondem as restantes pessoas presentes. Seguidamente, todos entoam uma segunda parte em coro. (Já agora foram os estudantes brasileiros que formaram o partido político FRA e que gritavam as suas iniciais ao manifestarem-se. Um dia após este grito de "guerra" os estudantes responderam todos em coro e a partir daí ficou até aos dias de hoje, e espalhou-se ao resto do país).



Capa e batina: Capa e Batina em Portugal é considerado o uniforme do estudante universitário. Deriva das vestes eclesiásticas e, desde sempre, é composto pela batina e capa. Este facto realça o pioneirismo da Igreja no Ensino. De facto, foi o clero que, até ao século XVIII, teve a primazia do ensino ao povo, no qual a Companhia de Jesus teve papel preponderante a partir do século XV. Hoje em dia o seu uso é regulamentado pela Praxe académica
O traje surgiu em Coimbra como forma de distinguir o foro académico das demais classes e ofícios (além de disinguir quem era estudante, tinha tamém como função não haver distinção entre o estudante pobre e o estudante rico).

Os antigos estatutos da Universidade de Coimbra não obrigavam o uso do traje, mas proibiam, porém, o uso de certas cores e condicionavam alguns traços do corte.
Dos estatutos de
D. Manuel I:
«Não poderão os sobreditos nem outros alguns estudantes trazer barras nem debruns de pano em vestido algum; nem isso mesmo poderão trazer vestido algum de pano frizado; nem poderão trazer barretes de outra feição senão redondos; e assim hei por bem que os pelotes e aljubetes que houverem de trazer sejam de comprido três dedos abaixo do joelho ao menos; e assim não poderão trazer capas algumas de capelo, somente poderão trazer lobas abertas ou cerradas ou mantéus sem capelo; não trarão golpes nem entretalhos nas calças nem trarão lavor branco nem de cor alguma em camisas nem lenços.»



Fitas:O uso da pasta académica só é permitido a partir do momento em que se deixa de ser caloiro e se passa a pastrano: a partir da Queima das fitas do ano da 1ª matrícula na Universidade. Contudo, o aspecto que a ela está mais associado são as Fitas. Estas são impostas ao estudante antes de este iniciar o último ano do seu curso. São oito fitas ao todo, da cor do curso de cada estudante, identificando-o como um Quintanista. Esta tradição remonta a meados do século XIX, quando as pastas eram compostas por duas partes independentes, e que eram mantidas unidas com recurso a estas fitas.



Queima das Fitas:A "Queima das Fitas" tem as suas origens nas celebrações que se faziam aquando o final dos cursos, onde os Finalistas queimavam as suas fitas dentro de um penico. Tal como o "rasganço", aplicado ao traje académico, a "Queima das Fitas" é também um momento de despedida da vida de estudante. Terá sido iniciada em Coimbra, e é actualmente um dos maiores acontecimentos do calendário académico, em todas as cidades universitárias do país.
Serenata Monumental:Por serenata entende-se, normalmente, um concerto vocal ou instrumental executado de noite, ao ar livre, dirigido, directa ou indirectamente, a uma mulher. Noutra acepção esta palavra pode representar, também, composições musicais ligeiras para concerto, com um ou vários andamentos, a serem executados tanto ao ar livre como em recinto fechado. Estas peças foram muito divulgadas pelos compositores do século XVIII. Em qualquer dos casos a mulher assume posição crucial na temática das composições. A Serenata de Coimbra enquadra-se nesse espÍrito, se bem que o termo serenata aqui não represente o género da composição que se toca ou canta, mas sim simbolize toda uma manifestação artÍstico-sentimental, ou melhor, todo um acto romântico. Nele o estudante, por meio da sua voz ou da de outrem (nem todos têm o privilégio de cantar bem), acompanhado por instrumentos de corda (hoje limitados à guitarra e à viola), exprime os seus sentimentos à moça eleita. Esta manifestação, feita através de pequenas e simples composições musicais, com caracterÍsticas melódicas bastante dolentes, é sempre executada de noite, tendo como tecto a abóbada celeste. A Serenata é a afirmação de uma certa predisposição que sempre se notou nos estudantes de Coimbra para cantar de noite os poemas que dedicavam à mulher por eles amada. E Coimbra foi sempre pródiga em gerar poetas; não fosse a sua Universidade fundada pelo Rei Trovador! Enfim, tudo se resume na frase que um dia alguém disse: "quando o prÍncipe é poeta, todos fazem trovas." A Serenata é hoje considerada como o "ex-libris" do livro de amor que se intitula: Coimbra.

Em conclusão, como diz a velhinha letra "Coimbra é uma lição, de sonho e tradição..." ou então...

"Oh Coimbra da Saudade,

Olha o sol que se põe,

Estas tão bela esta tarde,

Fazes esquecer minha dor." (TEC- Tuna da Enfermagem de Coimbra)

E este lema é bem verdade "Coimbra é nossa, Coimbra é nossa, Coimbra é nossa e há-de ser, Coimbra é nossa e há-de ser, Coimbra e nossa até morrer!!!!"

Saudades...

1 comentário:

J.Pierre Silva disse...

Sugiro (re)leitura dos artigos constantes no meu blogue sobre Tradições Académicas

http://notasemelodias.blogspot.pt